13.9.17

1 poema de Patricia González López





A patroa te ama


Mandem embora todos os paraguaios
que vêm aqui roubar nossos empregos
lotam os hospitais
e não pagam impostos!
Que voltem pro seu país
ou que fiquem no interior onde tem menos gente
e precisam de mulas.
Mandem embora todos,
menos minha faxineira,
vocês não imaginam como é boa!
Em todos esses anos
nunca me roubou,
e olha que muitas vezes
deixei dinheiro no criado-mudo
e meus anéis no banheiro
mas nunca dei falta de nada
e isso que mora numa favela....
É uma em um milhão!
Honesta,
Asseada...
Se veste mal, coitada,
mas como eu sou muito generosa
desapegada
sempre lhe dou alguma peça de roupa.
É muito boa
tão boa que não me pede nada
nem pra ser registrada,
É tão caro pagar os encargos sociais!
Tem a sorte de comer como um passarinho,
traz pão e mate de sua casa,
quando tem alguma festa é ela que serve,
e como eu gosto de ajudá-la
lhe dou as sobras do bolo para que leve a seus filhos
Você acredita que ela os deixa todo o dia sozinhos?
Uma vez bancou a esperta
e não trabalhou no Ano Novo,
tinha que ficar doente justo aí!
Tudo bem, uma vez em 27 anos
que falte num Ano Novo,
Não foi nada, até porque no Natal ela veio
Ah, mas na Semana Santa não falha!
Tão boazinha,
é uma dádiva que não responda
e que sempre fique até tarde.
Mas no seu aniversário
eu a deixo ir lá pelas nove,
assim chega em sua casa
antes da meia-noite
e pode comemorar com sua família.


(tradução de Paulo Ferraz)